A comunicação: o que os une é maior do que os separa
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O que tem em comum a UNICEF, os Médicos Sem Fronteiras e a Greenpeace? Todas são organizações sociais que utilizam a comunicação de forma estratégica para criar impacto nos seus projetos. Mas será a comunicação importante para todas as organizações sociais, até para as pequenas, de âmbito local e pouco profissionalizadas? É! Direi mesmo que é essencial e explico o porquê.

Trabalho há cerca de 25 anos na área do terceiro setor, em particular na área da deficiência. Sempre me apaixonou a criatividade e a diversidade de intervenções usadas nos projetos em que estive envolvida, e o impacto que cada um deles gera não apenas a quem beneficia diretamente, mas à comunidade envolvente. Contudo, por mais meritório que fosse o projeto ou criativa que fosse a intervenção, apenas as 4 paredes da organização e os seus utentes tinham conhecimento da sua existência.

Senti, por isso, a necessidade de partilhar com o mundo o trabalho fabuloso que se faz no terreno e divulgar os exemplos de boas práticas que testemunho diariamente. O resultado? Uma onda de apoio, proximidade e envolvimento com as famílias, voluntários, parceiros, clientes, doadores e comunidade em geral.

Mas se a experiência me tem ensinado a importância e o poder da comunicação, também me alerta para o mundo que continua a ignora-la. Todos os dias me cruzo com organizações sociais que se mantêm fechadas sobre si mesmas, que desvalorizam a comunicação ou que a entregam a quem pouco ou nada sabe sobre ela. Por falta de recursos, muitas, não conseguem desenvolver e implementar uma estratégia comunicacional consistente, nem dela tirar os merecidos dividendos.

O grande objetivo de uma comunicação institucional é, afinal, trazer maior visibilidade à organização. Estreitar o relacionamento com os seus públicos-alvo e angariar good will para a concretização dos seus projetos. Identificar claramente o seu propósito e comunicá-lo eficazmente. Dar a conhecer o que faz (bem) através dos vários canais: imprensa, redes sociais, colaboradores, parceiros, entidades públicas, mecenas e comunidade em geral.

Basta pensar que uma boa comunicação é fundamental para o sucesso das parcerias estratégicas entre organizações sociais, empresas e comunidade. Além de promover a transparência e a responsabilidade, a comunicação também constrói confiança, envolve stakeholders e inspira ações para a sustentabilidade, garantindo o sucesso a longo prazo.

Aumentar a notoriedade de uma organização não é, por isso, um exercício fútil nem de vaidade. Garantir que a sua atividade é conhecida e reconhecida facilitará o desenvolvimento e concretização de mais e melhores iniciativas, permitirá apoiar mais pessoas e – essencial – criar mais impacto.

E se tudo isto parece óbvio, a sua execução nem sempre é fácil. Deixo, por isso, algumas sugestões de por onde começar:

  1. Definir os objetivos: o primeiro passo é identificar claramente os objetivos que a estratégia de comunicação deve alcançar. Por exemplo, dar voz à causa, apoiar mais pessoas, aumentar as receitas, melhorar a reputação, etc.
  2. Conhecer o público-alvo: é essencial identificar quem é o público-alvo da comunicação institucional. Conhecer as suas características, interesses, valores e comportamentos ajudará a adaptar a mensagem e a escolher os canais mais adequados.
  3. Desenvolver a mensagem: a mensagem que será transmitida deve ser clara, concisa e direcionada ao público-alvo. Deve ser desenvolvida com base nos objetivos definidos e ser consistente com a imagem e os valores da organização.
  4. Escolher os canais de comunicação: é importante escolher os canais de comunicação que melhor alcançam o público-alvo. As opções incluem site, imprensa, redes sociais, emails, eventos, entre outros.
  5. Definir o cronograma: um cronograma deve ser estabelecido para garantir que a estratégia de comunicação seja implementada de forma consistente e organizada.
  6. Alocar recursos: os recursos necessários para implementar a estratégia, como orçamento e a equipa, devem ser alocados e geridos de forma profissional.
  7. Monitorizar e avaliar: por fim, é importante monitorizar e avaliar os resultados da estratégia de comunicação institucional para determinar a sua eficácia e fazer ajustes necessários para alcançar os objetivos.

Lembre-se, ainda assim, de que cada organização tem suas próprias necessidades e desafios únicos. Avaliar e adaptar cada etapa será a chave do sucesso de uma estratégia bem conseguida.

 

Cândida Rocha Pereira

Psicóloga

Gabinete de Comunicação e Relações Institucionais

Chief Happiness Officer